Mattos Hacking Blog
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Monero: A Criptomoeda que Coloca a Privacidade em Primeiro Lugar
No mundo das criptomoedas, onde muitas opções oferecem transparência nas transações como uma característica central, o Monero (XMR) surge como uma exceção notável. Desenvolvida para proporcionar anonimato e privacidade aos seus usuários, essa criptomoeda atrai atenção crescente tanto de entusiastas de privacidade digital quanto de organizações que desejam proteger seus dados financeiros.
O Bitcoin, a primeira criptomoeda e mais conhecida, é frequentemente percebido como anônimo. No entanto, sua blockchain é completamente pública. Cada transação realizada em Bitcoin pode ser rastreada desde o início até o destinatário final, permitindo que qualquer pessoa ou organização monitore as movimentações financeiras de qualquer carteira. Apesar de os endereços Bitcoin não serem diretamente vinculados a identidades reais, com as ferramentas de análise de blockchain, é possível rastrear padrões de uso que, em última análise, podem ser conectados a pessoas.
Diante dessa lacuna, criptomoedas focadas em privacidade, como Monero, surgiram para preencher a necessidade de anonimato.
O Monero utiliza uma série de técnicas criptográficas avançadas para garantir que suas transações sejam verdadeiramente privadas. Três tecnologias principais são responsáveis por esse nível superior de anonimato:
Assinaturas em Anel (Ring Signatures): Essa técnica mistura a assinatura de quem faz a transação com a de outros usuários, criando um "anel" de possíveis assinantes. Isso dificulta a identificação de quem realmente enviou a transação, pois qualquer uma das assinaturas pode ser a verdadeira.
Transações Confidenciais em Anel (RingCT): Introduzidas em 2017, as RingCTs ocultam o valor real de cada transação. Assim, mesmo que alguém tenha acesso à blockchain do Monero, não será capaz de visualizar o valor exato enviado ou recebido.
Endereços Furtivos (Stealth Addresses): Essa técnica permite que o remetente gere um endereço único e temporário para cada transação, tornando impossível rastrear todas as transações feitas por um determinado endereço público.
Embora Monero seja, sem dúvida, a criptomoeda de privacidade mais popular, não está sozinha nesse campo. Outras moedas, como Zcash e Dash, também oferecem recursos de anonimato, mas com diferenças notáveis:
Zcash usa um conceito chamado zk-SNARKs, que permite a criação de transações privadas sem revelar informações sobre as partes envolvidas. No entanto, no Zcash, as transações privadas são opcionais, o que significa que nem todas as transações são protegidas por padrão, como no Monero.
Dash oferece um recurso chamado PrivateSend, que mistura transações, dificultando a rastreabilidade. Porém, como no Zcash, esse recurso não é obrigatório, sendo necessário ativá-lo manualmente.
Monero, por outro lado, tornou a privacidade o padrão para todas as transações. Isso oferece uma camada adicional de proteção, pois os usuários não precisam tomar nenhuma ação extra para garantir o anonimato.
O foco absoluto em privacidade do Monero tem gerado controvérsias no mundo das criptomoedas. Embora a privacidade financeira seja desejada por muitos, ela também atrai a atenção de órgãos reguladores, preocupados com o uso da moeda em atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Vários governos e exchanges já tomaram medidas para limitar ou até mesmo proibir o comércio de Monero. No entanto, a moeda continua popular entre aqueles que valorizam sua privacidade e acreditam que o direito ao anonimato financeiro é fundamental, independentemente de quaisquer preocupações governamentais.
Monero
Artigo também em: https://www.linkedin.com/in/pedro-henrique-de-mattos-neto-ab413a144